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Curso – História Prática da Dança no Brasil 2020


Realizado de 22 a 26 de Janeiro de 2020 na Praça das Artes, São Paulo, SP.

O curso HISTÓRIA PRÁTICA DA DANÇA NO BRASIL traça uma perspectiva da História do Brasil por meio da dança e reflete sobre como os diferentes contextos culturais, políticos e sociais influenciaram as danças desenvolvidas e praticadas no país ao longo dos séculos.

Transita pelas danças indígenas, por danças das diásporas centro-africanas, pelas danças populares do período colonial, pelas quadrilhas nos salões da corte do Império e pelas danças cênicas desenvolvidas desde o século XVI.Para isso, elegemos 09 danças que traçam pistas para uma compreensão da história do Brasil, desde ocupações pré-cabralinas até o século XXI.

São elas: caboclinho, congada, cavalo marinho, côco de tamanco, chula gaúcha, quadrilha, dança dos bambus, danças de salão e danças cênicas.AS AULAS SERÃO PRÁTICAS, contarão com MÚSICA AO VIVO e serão conduzidas por mestres e profissionais com conhecimento específico de cada uma das matrizes de dança relacionadas. Estarão conosco Paulinho Sete Flexas, comunidade dos Arturos, Werner Ferlos, Rodrigo Mattos Magalhães, Quadrilha Asa Branca SP, Grupo de Danças Parafolclóricas de Pirassununga, Kanzelumuka, Ronaldo Mota, Lucas Brogiolo e músicos convidados. A coordenação geral é de Ivan Bernardelli, com produção da DUAL cena contemporânea e Radar Cultural.

Este curso faz parte do projeto “A INVENÇÃO DO SERTÃO”, da DUAL cena contemporânea, com o apoio do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria de cultura.



SERGIO BERNARDO

Em 1896, “em uma reunião da Jurema, um médium recebeu a entidade do Caboclo Carijós e deixou um recado: um grupo fantasiado de caboclos deveria sair às ruas do Recife”. Este foi o primeiro ano do desfile dos Caboclinhos Carijós, sob o comando de Antônio da Costa. No entanto, a dança dos caboclinhos é bastante anterior. O Padre Fernão Cardim, em seus “Tratados da Terra e Gente do Brasil” (escritos entre 1583 e 1601), já se refere à dança dos caboclinhos, praticada entre os ‘naturais da terra’. Ministrante: Paulinho Sete Flexas

CHULA GAÚCHA

Desde o período colonial, a pecuária foi atividade econômica extremamente relevante no sul do país, e os gaúchos, exímios cavaleiros, desenvolveram uma especial interação com a criação de cavalos e com prática de cavalgá-los, seja para conduzir o gado, seja para transporte ou para combate, a ponto de ficarem conhecidos como “centauros”, por passarem grande parte de suas vidas montados. A partir do século XVI, as bandeiras paulistas que avançaram para o interior do território brasileiro foram acompanhadas por peões gaúchos, que subiam dos pampas conduzindo tropas de cavalos e mulas para abastecimento das cidades que iam sendo fundadas no sertão. Os tropeiros, como eram chamados esses peões, passavam longo tempo sobre seus cavalos, e quando apeavam, nos intervalos de descanso em ranchos e estâncias ao longo das estradas e dos rios, praticavam a chula gaúcha, dança abordada neste workshop. A chula é composta por sapateados de desafio executados ao longo de uma lança disposta no chão, ao som de sanfona (ou gaita). O sapateado era um modo de relaxar os músculos das pernas depois de viagens de muitos quilômetros a cavalo. Ministrante: Rodrigo Magalhães de Mattos (CTG Raízes do Sul)

CAVALO MARINHO

O cultivo da cana de açúcar foi muito intenso em todo o país desde o século XVI. No século XV, o açúcar teria se convertido em artigo de luxo na Europa, obrigatório para adoçar as receitas, sendo utilizado como moeda corrente e compondo inclusive testamentos, dotes e heranças de reis e princesas. O comércio de açúcar movimentava avidamente o mercado europeu. Portugal, para integrar-se a este mercado, criou no Brasil sua empresa colonial baseada no cultivo da cana de açúcar e na mão de obra escrava utilizada nos engenhos para transformar a planta no cobiçado doce. O cavalo marinho e seus variados personagens refletem exemplarmente o contexto social nas vilas e cidades do ciclo da cana-de-açúcar no nordeste. Bastião e Mateus, Mestre Ambrósio, os Galantes, o Boi, entre outros personagens, exímios dançarinos em composições coreográficas e passos complexos, trazem ao foco características destas danças relacionadas à “sociedade do açúcar”. Ministrante: Alício Amaral (Mundu Rodá).

CONGADAS

Desde o século XVI, o Brasil é eixo de intensos fluxos de trocas culturais com muitos povos centro- africanos, desenvolvidas principalmente a partir do tráfico de escravos no Atlântico. As congadas – dança que se desenvolveu a partir das diásporas centro-africanas, principalmente pelos grupos étnicos Bacongo, Ambundo e Ovimbundo, popularmente conhecidos como Bantu – são danças compostas de um cortejo de passos e cantos.A música e os passos de dança realizados com gungas ou paiás (espécie de chocalho amarrado às pernas) acompanham o enredo que representa a coroação dos reis Congo, caracterizado por embaixadas, evoluções processionais e lutas simbólicas de espadas ou bastões. As congadas guardam a multidimensionalidade dos símbolos e fundamentos das cosmovisões centro-africanas, aqui abordadas a partir das matemáticas musicais dos passos com chocalhos. Ministrante: Capitão Jorge (Comunidade dos Arturos).

COCO DE TAMANCO

De dentro dos quilombos é que vêm as bases do coco, ou mazuka, nome tradicional da dança. Acredita-se que esta manifestação cultural popular, que tem variações como o coco de ciranda, coco de beira de praia, de umbigada e o de raiz, teria surgido surgido em Palmares. Mas é em Arcoverde, cidade do interior de Pernambuco, que o coco de Trupé, ou de Tamanco, ganha destaque. Feito pela batida dos pés com o tamanco no chão de terra, a dança percussiva é acompanhada por triângulo, pandeiro, surdo e ganzá. Registros históricos nos contam que a pisada forte e ligeira do coco viria da tradição de pisar o chão das casas de taipa para que o piso ficasse mais liso. Ministrante: Werner Ferlos.

QUADRILHAS

A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as vaias do povo, em novembro de 1807, fugindo de Napoleão Bonaparte, e veio se fixar no Brasil. A comitiva de D. João VI trouxe consigo cerca de 15 mil pessoas, e tudo o mais que pôde carregar: móveis, objetos de arte, jóias, louças, livros e todo o tesouro real imperial. Trouxe consigo também pintores, escritores, poetas, músicos e mestres de dança, que fixaram residência no Rio de Janeiro. Por aqui, os mestres de dança ensinavam às damas e cavalheiros da corte carioca as danças apreciadas na Europa, e é neste contexto que são introduzidas as danças como o ballet e a quadrille, dança de salão composta para quatro casais que se popularizou na França no século XVIII. A quadrilha praticada nos salões da corte também agradaria as camadas populares, e sofreria modificações ao longo do tempo. Levada para o contexto rural, aumentou a quantidade de pares, acrescentou comandos alusivos à vida das comunidades rurais (olha a cobra!, olha a ponte!, caminho da roça!), e a quadrilha tornou-se um emblema das festas juninas e da cultura caipira até os nossos dias. Este workshop aborda as fantásticas evoluções das quadrilhas praticadas nas cidades do interior e em algumas capitais do país no ciclo junino, envolvendo complexas variações espaciais, competições de grupos extremamente organizados e comissões de jurados especialistas, além da homenagem a São João, São Pedro e Santo Antônio (este último sendo motivo do tema comum geralmente abordado na dança, o do casamento). Ministrante: Paulo Ricardo dos Santos (Quadrilha Asa Branca SP).

DANÇA DO BAMBU

Originária do meio rural paulista e vinculada aos festejos do ciclo junino, a dança do bambu remete às celebrações pelo tempo de colheita de algumas das comunidades indígenas que habitam ou habitaram a região. Originalmente dançada por apenas um casal sobre um único par de bambus, a dança sofreu adaptações relacionadas à música e a coreografia, até chegar ao formato apresentado dos dias de hoje, com diversos casais de dançarinos e casais de batedores, que se apresentam acompanhados de violões, sanfona e percussão.

DANÇAS DE SALÃO

A partir das danças praticadas ou observadas nos salões da corte carioca de D. João VI, de norte ao sul do país encontramos registros da presença de mestres de dança franceses e italianos ensinando passos de dança para as damas e cavalheiros que aspiravam se aproximar, cada vez mais, das cabeças coroadas. Ao mesmo tempo, nas camadas populares, as danças de salão também passavam a ser praticadas, traduzindo-se os passos sob outras influências musicais: não mais os violinos barrocos dos salões imperiais, e sim cavaquinhos, tantans e pandeiros, ou sanfonas, zabumbas e triângulos. Este workshop prático aborda as danças de salão, principalmente o forró e o arrocha. Ministrante: Ronaldo Mota.

DANÇAS CÊNICAS NO BRASIL

Este workshop abordará alguns percursos estéticos e estilísticos da dança cênica brasileira ao longo de sua história. Os autos de Anchieta, as óperas em Vila Rica, MG, a construção das casas de ópera no século XVI e XIX, e posteriormente dos teatros institucionais no século XX, a fundação das primeiras escolas e dos Corpos de Baile; o surgimento das Companhias de Dança, as contínuas experimentações cênicas, o percurso de institucionalização da dança composta especialmente para ser vista, para ser contemplada. Como a sociedade, as correntes artísticas e as filosofias políticas dos governos (na Colônia, nas Regências e na República) repercutiram e refletiram no desenvolvimento da cena de dança produzida por aqui. Ministrante: Kanzelumuka


Curso História Prática da Dança no Brasil 2020